Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que cerca de 260 mil mulheres morrem, a cada ano, durante a gestação ou no parto Desse total, ao menos 70% dos óbitos estão relacionados a causas obstétricas diretas, como hemorragias e pré-eclâmpsia. Além disso, mais de dois milhões de bebês não sobrevivem ao primeiro mês de vida e outros dois milhões são natimortos.
Diante dos dados alarmantes, a OMS reforça a importância de ampliar os cuidados durante a gestação, incluindo a prevenção e a detecção precoce de condições que complicam a gravidez e aumentam os riscos para mulheres e recém-nascidos em todo o mundo.
No Brasil, o Ministério da Saúde também destaca que identificar as mulheres com maior risco obstétrico é fundamental para reduzir a mortalidade. Segundo a pasta, esta é proporcionalmente maior entre gestantes já classificadas em situação de risco, e a estratificação no pré-natal permite que complicações sejam detectadas de forma mais rápida, evitando atrasos na condução médica.
A orientação é para que essa estratificação seja contínua, realizada desde a primeira consulta. Para as gestantes paulistas, por exemplo, é importante procurar por um obstetra na cidade em São Paulo para receber orientações em todas as etapas do pré-natal.
A classificação de risco varia conforme a condição da gestante. Segundo documento compartilhado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os transtornos depressivos ou de ansiedade leves, tabagismo com baixo grau de dependência, asma controlada, anemia leve ou moderada, histórico de abortos precoces, diabetes gestacional e malformação fetal são exemplos de casos considerados como médio risco.
No grupo de alto risco são enquadradas situações como tabagismo com dependência elevada, transtornos alimentares ou desnutrição, dependência de drogas, histórico de abortos tardios ou morte perinatal, além de doenças graves pré-existentes, como pneumopatias, doenças neurológicas ou hematológicas.
As cardiopatias também estão entre os fatores de maior atenção durante a gravidez. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), elas representam a principal causa não obstétrica de morte materna no país, afetando cerca de 4% das gestações.
O levantamento da SBC indica que, aproximadamente, 40% desses óbitos poderiam ser evitados com maior compreensão dos riscos da gravidez. Por isso, para as gestantes paulistas com doenças cardíacas, também é indicado marcar uma consulta com cardiologista em São Paulo, garantindo um cuidado multidisciplinar.
O Ministério da Saúde destaca que, quanto maior o número de fatores de risco, maior o risco obstétrico individualizado. Existe uma sinergia entre esses fatores, de forma que a combinação de condições intermediárias ou de alto risco aumenta a complexidade do caso, exigindo vigilância reforçada e cuidados especializados.
Gravidez tardia também é um risco?
Segundo as informações compartilhadas pela Fiocruz, a gestação acima dos 35 anos também se enquadra entre os fatores de médio risco. Por isso, a escolha de adiar a maternidade, fenômeno apontado como mais comum nos últimos anos, deve considerar possíveis complicações para a mãe e para o bebê.
O obstetra e especialista em Medicina Fetal do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Fernando Maia, explica que o avanço da idade materna aumenta a probabilidade de alterações cromossômicas no feto, como as aneuploidias.
“Os riscos também implicam em abortamento, e as mulheres que tiveram gestações anteriores, como pacientes que passaram por múltiplas cesáreas, têm mais chances de ter uma placentação anormal, como placenta prévia, condições que determinam riscos para a gravidez, principalmente no que se refere a hemorragias”, acrescenta Maia.
O obstetra aponta que, a partir dos 35 anos, as mulheres também têm maior probabilidade de estarem acometidas por doenças crônicas, como a diabete prévia à gestação e a hipertensão. Por isso, a recomendação é que elas tenham controle dessas doenças e recorram a consultas com especialistas para obter o melhor aconselhamento e avaliar os riscos precocemente.
Em entrevista à imprensa, a ginecologista-obstetra e mastologista Laura Penteado reforça que não é uma regra que toda gestação tardia vá apresentar intercorrências. “O que tenho observado na prática clínica é que, dos 35 aos 40 anos, a maioria das gestações tem evoluído como qualquer gestação abaixo dessa idade e, mesmo acima dos 40 anos, nem toda gravidez é de alto risco”, relata.
Contudo, a médica explica que a idade materna faz com que os obstetras fiquem mais atentos, já que ainda assim existe maior chance de que alguns riscos se desenvolvam.





