A chegada do Projeto de Lei nº 2.343/2025 à Câmara Municipal de Alta Floresta, que autoriza o repasse de R$ 2 milhões para a realização da Expoalta 2025, provocou forte reação de vereadores. O evento está previsto para ocorrer entre os dias 13 e 18 de maio e é promovido pela Associação Cuiabana de Belas Artes, com apoio do poder público municipal.
Encaminhado pela prefeitura em regime de urgência, o projeto reconhece a Expoalta como um evento de interesse público e argumenta que o investimento traria impacto positivo na economia, turismo, cultura e lazer da população. No entanto, o valor proposto chamou a atenção por ser considerado excessivamente elevado, principalmente diante das demandas sociais não atendidas no município.
O primeiro a se manifestar foi o vereador Luciano Silva, que classificou o repasse como injustificável:
“Nunca antes se propôs um valor tão alto para esse tipo de evento. Não somos contra a realização da Expoalta, mas R$ 2 milhões é um valor fora da realidade do nosso município. Nós três – eu, o vereador Dida e o vereador Darlan – decidimos apresentar emendas para limitar esse valor e destinar parte para outras áreas, como saúde, esporte e infraestrutura.”
Darlan Carvalho também considerou o valor proposto desproporcional. Ele lembrou que Sinop, cidade de maior porte e arrecadação, destinará R$ 1,5 milhão à sua exposição agropecuária — valor inferior ao que está sendo proposto em Alta Floresta.
“Sinop arrecada mais, tem uma população muito maior, e ainda assim vai investir menos. Não faz sentido Alta Floresta comprometer R$ 2 milhões em um único evento, enquanto a população enfrenta problemas básicos como buracos nas ruas, falta de medicamentos e demora nos atendimentos de saúde.”
O vereador Dida Pires reforçou a crítica ao lembrar que a realidade da população deveria pesar na decisão:
“A fila na saúde só cresce. Tem gente esperando meses por atendimento em neurologia e ortopedia. E agora vem esse projeto pedindo R$ 2 milhões para um evento? É um valor absurdo, um descompasso com o que o povo está enfrentando.”
Os três vereadores propuseram uma emenda que limita o repasse a R$ 300 mil. A proposta será votada pelos demais parlamentares nos próximos dias.
Apesar da justificativa de fomento à economia e ao turismo, o projeto também gerou desconfiança quanto à real acessibilidade da população ao evento. Embora o texto fale em acesso gratuito à programação cultural, já está em curso a comercialização de camarotes e bangalôs. Além disso, não está claro em qual espaço o público geral terá acesso durante os shows.
O Executivo afirma que o repasse corresponderá, no máximo, a 35% do custo total do evento, sendo complementado por parcerias privadas e recursos de outras esferas. Mesmo assim, para parte dos vereadores, o volume de recursos públicos previsto excede os limites da razoabilidade.