Odelegado da Polícia Civil, Geordan Antunes Fontenelle Rodrigues, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (03). Ele tinha sido preso em 17 de abril suspeito de montar um esquema de corrupção na delegacia de Peixoto de Azevedo (a 691 km de Cuiabá).
Conforme a assessoria da Polícia Civil, a Diretoria-Geral recebeu, nessa segunda, um documento encaminhado pelo delegado com pedido de desistência. Geordan estava em estágio probatório – período de experiência – que terminaria em novembro.
Agora, o pedido passará pela análise da assessoria jurídica e da diretoria para as providências cabíveis.
A Polícia Civil informou ainda que as investigações da Corregedoria-Geral, que apuram as condutas do delegado nas esferas criminal e administrativa, seguem em andamento normalmente. O delegado está solto desde o dia 15 de maio, após ter pedido de habeas corpus acolhido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Apesar de solto, o delegado cumpre medidas cautelares, como comparecimento a todos os atos judiciais; proibição de qualquer contato com as testemunhas, vítimas, corréus e demais envolvidos na investigação; e proibição de acesso à delegacia de Peixoto de Azevedo, Matupá e de outras da região norte do Estado, assim como em manter contato com seus servidores policiais e outros que ali trabalhem.
Além disso, ele não poderá se ausentar da comarca em que reside; terá o passaporte suspenso e monitoramento eletrônico mediante o uso de tornozeleira eletrônica; será afastado provisoriamente e imediatamente de suas funções de delegado de polícia; e terá a posse/porte de arma de fogo suspensa, devendo ser apreendidas as armas sob sua responsabilidade.
Prisão
Geordan foi alvo da Operação Diaphthora, deflagrada em 17 de abril, pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso. Foram cumpridas 12 ordens judiciais, sendo dois mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão e três medidas cautelares.
As investigações iniciaram após denúncias recebidas no Núcleo de Inteligência da Corregedoria Geral, que apontavam o suposto envolvimento de policiais civis, advogado e garimpeiros da região de Peixoto de Azevedo em situações como a solicitação de vantagens indevidas, advocacia administrativa e ainda o assessoramento de segurança privada pela autoridade policial, caracterizando a formação e uma associação criminosa no município.
Com o aprofundamento das investigações, segundo a polícia, foram identificados os servidores que estariam envolvidos no esquema criminoso sendo apontados como mentor e articulador o titular da Delegacia de Peixoto de Azevedo e um investigador da unidade, aliados a advogado e garimpeiros do município.
Segundo a PJC, foi demonstrado no inquérito que o delegado e o investigador teriam solicitado o pagamento de vantagens indevidas para liberação de bens apreendidos; exigiriam pagamento de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e, ainda, pagamentos mensais sob a condição de decidir sobre procedimentos criminais em trâmite na unidade policial.
A Polícia Civil, ao deflagrar a ação, disse que “todos os esquemas e acertos levam à conclusão de que existia um verdadeiro gabinete do crime”.