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Nova espécie de cipó é encontrada em Colíder e Nova Canaã do Norte

Nova espécie de cipó é encontrada em Colíder e Nova Canaã do Norte

Amazônia Mato-grossense

Nova espécie de cipó é encontrada em Colíder e Nova Canaã do Norte

Os pesquisadores botânicos publicaram na revista científica internacional Brittonia a descoberta de uma nova espécie de cipó arbustivo em Mato Grosso

Foto: Ricardo Ribeiro e Miriam Kaehler

Em 2014, a espécie foi coletada pela primeira vez pelo biólogo e estudante de mestrado em Botânica da USP, Ricardo Ribeiro. Na época, Ricardo era estudante de Biologia na Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Alta Floresta, e bolsista de iniciação científica do Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM. “Coletamos o material durante uma expedição científica liderada pela Profa. Dra. Célia Soares, curadora do HERBAM, pesquisadora e professora da UNEMAT. Estávamos investigando a flora da região de cerrado rupestre que ocorre dentro da Amazônia. Essa região é um modelo de estudo para entender a transição dos ambientes entre a Amazônia e as manchas de Cerrado do bioma. Nessa expedição, estávamos coletando as Bignoniaceae, a família dos ipês, à qual a nova espécie é parente e é meu grupo de estudo”, destaca Ricardo.

Após a coleta, a espécie foi depositada nos herbários para estudo e foi identificada pela Dra. Miriam Kaehler, também especialista em Bignoniaceae. Miriam está revisando a classificação das espécies de um dos gêneros mais diversos da família, Fridericia, ao qual pertencem a maioria das espécies de cipós de flores tubulares rósea encontradas às margens das estradas e nas florestas. Em sua revisão, Miriam propõe uma nova classificação taxonômica para esses cipós baseada em morfologia e em análises de DNA. Essas informações são cruciais para entender as relações de parentesco entre as espécies e como esses cipós evoluíram ao longo do tempo.

Miriam percebeu que a espécie de Colíder e Nova Canaã do Norte também havia sido coletada por outros botânicos na região, mas ainda não havia sido descrita pela ciência. Após um longo e meticuloso trabalho de investigação, a espécie foi descrita e apresentada pela ciência com o nome em latim de Fridericia caudata. O nome faz referência ao formato das pétalas da flor, que tem essa pequena projeção na margem denominada “cauda”, característica exclusiva dessa espécie.

Os pesquisadores Miriam e Ricardo destacam que a espécie ainda não foi classificada como ameaçada, pois requer mais estudos para uma avaliação precisa do seu status de conservação. No entanto, eles adiantam que várias espécies do sul da Amazônia podem estar em risco de extinção devido ao avanço

da agropecuária e da agricultura desenfreada. Muitas dessas espécies de plantas podem desaparecer antes mesmo de serem identificadas e descritas pela ciência. “Novas expedições científicas devem ser realizadas na região para documentar a flora do norte de Mato Grosso e propor estratégias de conservação eficazes”, concluem os pesquisadores.

Os cipós são importante componente das florestas tropicais, contribuem para o estoque de carbono e são bem resistentes as mudanças climáticas. Tem potencial medicinal, alimentício e de paisagismo. Algumas espécies parentes da Fridericia caudata já tem o potencial farmacêutico conhecido e comprovado pela ciência. Os cipós têm sido utilizados para entender como as florestas da América do Sul, principalmente da Amazônia evoluíram ao longo do tempo (ver Pesquisa FAPESP nº 132 https://revistapesquisa.fapesp.br/evolucao-escrita-nos-cipos/).

Fonte: Mequiel Zacarias Ferreira – Assessoria

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