O bloqueio de mais de 30 plataformas de streaming pirata nas últimas semanas reacendeu o debate sobre a pirataria audiovisual no Brasil. Embora a operação que derrubou serviços como My Family Cinema e Eppi Cinema tenha sido motivada por uma ação judicial internacional, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já vinha conduzindo, nos últimos anos, uma série de ações estruturadas para combater o chamado “gatonet” e proteger o consumidor.
O Nativa News reúne um panorama completo da atuação da Anatel no combate à pirataria, desde os primeiros movimentos até as ações mais recentes.
As ações da Anatel contra a pirataria
2018 — Início das grandes apreensões
A partir de outubro de 2018, a Anatel intensificou fiscalizações em portos, aeroportos e centros de distribuição. Desde então, mais de 1,5 milhão de TV Boxes não homologados já foram apreendidos em todo o país, segundo dados da própria agência.
2019–2022 — Aumento do mercado ilegal e mudanças regulatórias
Com a popularização dos TV Boxes e aplicativos piratas, o mercado clandestino cresceu de forma acelerada. Nesse período, a Anatel realizou:
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operações conjuntas com a Receita Federal e Polícia Federal;
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notificações a lojistas e marketplaces que vendiam aparelhos ilegais;
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atualização de normas para exigir homologação e padrões mínimos de segurança.
As ações tiveram foco na proteção da rede nacional de telecomunicações e na segurança digital dos usuários.
2023 — Criação do Laboratório Antipirataria
Um marco no combate ao gatonet foi a criação do Laboratório Antipirataria da Anatel, em setembro de 2023.
Desde sua implementação, o laboratório:
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bloqueou 24.700 endereços de IP usados por serviços piratas;
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derrubou 4.428 domínios vinculados à oferta de streaming ilegal;
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passou a monitorar continuamente novos servidores usados por provedores clandestinos.
Essa foi a primeira iniciativa no Brasil com tecnologia dedicada exclusivamente a rastrear e neutralizar redes piratas.
2024 — Fiscalizações digitais e maior integração
Com o avanço do rastreamento on-line, a agência passou a trabalhar de forma integrada com operadoras, autoridades internacionais e entidades de combate à pirataria.
Houve também:
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bloqueio remoto de recursos em TV Boxes ilegais;
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suspensão de certificados falsos;
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campanhas nacionais alertando consumidores sobre riscos de segurança, como roubo de dados e ataques hacker.
2025 — Ações internacionais e impacto nas plataformas piratas
Em 2025, o combate ganhou repercussão global após uma operação judicial movida pela Aliança Contra a Pirataria Audiovisual (Alianza) na Argentina. A ação, realizada em setembro, desmantelou estruturas que operavam internacionalmente e alimentavam decodificadores piratas em países como Brasil, México e África do Sul.
Como consequência, plataformas de streaming ilegal — entre elas My Family Cinema e Eppi Cinema — foram derrubadas no Brasil a partir de 1º de novembro.
Apesar da repercussão, a Anatel esclareceu que não participou diretamente da operação, mas reforçou que suas ações permanentes de fiscalização dão suporte indireto à interrupção de redes piratas.
Nas redes sociais, usuários relataram a interrupção dos serviços sem aviso e pediram reembolso às empresas, algumas das quais enviaram mensagens informando encerramento definitivo.
A recomendação da Anatel ao consumidor
A agência mantém uma orientação constante: somente TV Boxes homologados devem ser adquiridos. Equipamentos piratas podem:
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permitir invasão de redes Wi-Fi;
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roubar senhas e dados bancários;
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interferir em aparelhos legítimos;
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ser usados para ataques cibernéticos, como DDoS.
Todos os aparelhos homologados podem ser consultados diretamente no sistema da Anatel.
O combate continua
Segundo a agência, novas ações devem ocorrer nos próximos meses, com ampliação das operações de bloqueio digital e mais parcerias internacionais. O objetivo é reduzir o mercado ilegal, proteger os consumidores e garantir segurança à infraestrutura das telecomunicações no país.





