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Pescadores de MT rejeitam auxílio do governo e lutam contra o “Transporte Zero”

Pescadores de MT rejeitam auxílio do governo e lutam contra o “Transporte Zero”

Transporte Zero

Pescadores de MT rejeitam auxílio do governo e lutam contra o “Transporte Zero”

A lei proíbe o transporte, armazenamento e venda de peixes a partir de janeiro

Há poucos dias da entrada em vigor da Lei 12.197/2023, que impede o transporte, armazenagem e venda do pescado em Mato Grosso por cinco anos, a partir de janeiro de 2024, pescadores da Colônia Z8, de Santo Antônio de Leverger, continuam mobilizados contra o “Transporte Zero”.Os trabalhadores se reuniram com colegas de Cuiabá e com a Associação do Segmento da Pesca (ASP-MT), nesta quarta-feira (27), na Capital. Eles se negam a fazer o Registro Estadual de Pescadores Profissionais (Repesca), obrigatório para recebimento de ajuda pecuniária do Governo do Estado que promete pagar um salário mínimo pelo período de três anos, a partir de janeiro de 2024, a todos que se cadastrem. A “ajuda” será paga “nos meses em que não coincidirem com o período de defeso em Mato Grosso, considerando que serão atendidos pelo benefício de seguro-desemprego, estabelecido pela Lei Federal n.º 10.779, de 25 de novembro de 2003”, diz a Secretaria de Estado de Meio Ambiente em matéria publicado no site oficial. “Isso é um absurdo. Essa lei acaba com a nossa profissão e tira da gente o direito de trabalhar. Essa história de que os peixes estão acabando por causa do pescador profissional é mentira, não tem um estudo científico que comprove isso. O que está acabando com os peixes sãos as PCHs e o garimpo ilegal que matam os rios de Mato Grosso, inclusive alguns deles da família do governador”, disse o pescador João Batista da Silva.“Não queremos esmola, queremos trabalhar e ganhar nosso dinheiro. Quem vive com um salário mínimo? Esse dinheiro mal dá pra pagar aluguel, luz e água. Como vamos comer? Pescando a gente consegue quase R$ 5 mil por mês, isso respeitando a lei da pesca e cuidando do meio ambiente. A gente não tira do rio peixes de tamanho ou peso maior ou menor do que manda a lei. Não precisamos de ajuda, precisamos ter o direito de trabalhar na nossa profissão”, completou.A presidente da colônia Z8, Tânia Souza, orientou os 450 pescadores associados para não fazerem o Repesca.“Essa é uma lei inconstitucional, o que está provado em duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), propostas pelo MDB e pelo PSD (partidos políticos), que estão pra ser julgadas no Supremo (STF). Há pareceres técnicos da Advocacia Geral da União (AGU), da Procuradoria Geral da República (PGR) e do próprio Ministério da Pesca contrários ao “transporte Zero”. Não somos bobos, estamos acompanhando tudo. Estou pedindo aos pescadores da nossa colônia que aguardem a decisão do STF e não façam o Repesca, isso é assinar a sentença de morte da nossa profissão”, disse Tânia Souza.“Esse governo nunca procurou os pescadores para discutir a possibilidade de implantação desta lei, mesmo que sejamos os principais prejudicados. Não aconselho a nenhum pescador fazer o Repesca para receber este auxílio miséria. Vamos derrubar esta lei e garantir nosso direito de trabalhar”, completou.Vale ressaltar que em Mato Grosso existem hoje cerca de 15 mil pescadores profissionais/artesanais cadastrados. Se levado em conta que cada um representa uma família de pelo menos quatro pessoas, temos 60 mil indivíduos que vivem diretamente da pesca no estado.A presidente da Associação do Segmento da Pesca em Mato Grosso (ASP-MT), que representa cerca de 800 lojistas, além dos profissionais da pesca, Nilma Silva, também desaconselha o registro dos pescadores.“Já demonstramos que esta lei fere princípios constitucionais e ambientais. Várias instituições que tratam do meio ambiente, como a Embrapa Pantanal, têm estudos que mostram que os recursos pesqueiros estão estáveis, diferente do que diz o Governo de Mato Grosso. Esta história de que a lei visa preservar espécies nativas que estariam sumindo por causa da pesca é uma grande mentira”, disse a advogada Nilma Silva, presidente da ASP-MT.“O “Transporte Zero” vai provocar o fechamento de centenas de lojas de pesca no nosso estado trazendo o desemprego para centenas de famílias. Além disso, vai também tirar o pão de centenas de profissionais que trabalham na fabricação e conserto de barcos, anzóis, linha; na produção da massinha e apetrechos usados na pesca, catadores de iscas, etc. Não podemos e não vamos permitir que esta legislação estadual que fere a Constituição do Brasil prospere. Confiamos na justiça de Deus e na justiça dos homens. Vamos vencer esta luta”, completou Nilma Silva.As ADIs propostas pelo MDB e pelo PSD, além dos pareceres técnicos emitidos pelo Governo Federal, através da AGU, PGR e do Ministério da Pesca e Aquicultura, devem ser apreciados e julgados na volta do recesso forense, a partir de 6 de janeiro.

Fonte: Robson Fraga

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