A eleita miss Mato Grosso 2024, Taiany França Zimpel, é dona da empresa que administra a Fazenda Eliane Raquel e Quinhão, onde 20 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão, durante uma operação da Polícia Federal (PF), em Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, na última segunda-feira (15).
O g1 tenta localizar a defesa da modelo.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), as vítimas foram contratadas pela T.F. Zimpel Ltda., que leva o mesmo nome da miss, para trabalhos envolvendo cortes e empilhamentos de madeira.
Ainda conforme o órgão, as investigações apontaram que foi comprovada a responsabilidade solidária entre a Zimpel, que recrutou e manteve os trabalhadores em condições consideradas degradantes, e os proprietários da fazenda. No Instagram, Taiany se descreve como empresária e modelo internacional, além dos títulos de Miss Grand Mato Grosso 2024 e Miss Mato Grosso Internacional 2024.

Dos 20 trabalhadores resgatados, 16 estavam sem registro formal e recebiam apenas por produção, sem um salário fixo. Em um vídeo, as vítimas relatam e mostram como era a área onde viviam isolados.
Os outros quatro, embora estivessem registrados, recebiam na carteira de trabalho somente, 30% do salário, com os 70% restantes da remuneração sendo pagos “por fora” e também vinculados à produção.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o local onde os trabalhadores estavam era de difícil acesso, isolado e sem qualquer meio de transporte público ou particular disponível. A cidade mais próxima ficava a 120 km de distância, o que tornava ainda mais complicada qualquer tentativa de deslocamento.

Essa condição de isolamento geográfico, aliada à informação de que os trabalhadores não possuíam dinheiro ou recursos para deixar o local por conta própria, foi um dos principais fatores que caracterizou a situação como trabalho análogo à escravidão, já que, na prática, eles estavam impedidos de ir embora, mesmo que quisessem.
Quatro trabalhadores estavam confinados em um contêiner sem ar-condicionado, sem camas, roupas de cama ou armários. O ambiente era de extrema desordem e total falta de higiene, segundo a auditoria fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.
⚠️ COMO DENUNCIAR? – Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.