O professor Jonis Franklin Leite dos Santos, diretor afastado da Escola Municipal Jardim das Flores, em Alta Floresta, decidiu romper o silêncio e apresentar sua versão sobre o episódio ocorrido na unidade envolvendo um docente que utilizou conteúdo com termos sexuais em aula para alunos do 5º ano. O caso foi denunciado por um pai de uma aluna de 10 anos.
Jonis afirma que o material utilizado está previsto na Diretriz Curricular Municipal (DCM).
“Estou psicologicamente destruído pelo posicionamento das pessoas e pela exposição nos meios de comunicação, pois tanto eu, quanto a coordenadora e o professor, estamos pagando por uma situação da qual sequer temos culpa”, declarou.
Segundo o diretor, publicações nas redes sociais estariam distorcendo os fatos. “Tem alguém mentindo para não assumir sua responsabilidade”, afirmou.
No texto que divulgou, Jonis explica que o conteúdo ministrado pelo professor está previsto no documento que norteia os conteúdos essenciais da rede municipal de ensino, abrangendo todas as disciplinas do 1º ao 5º ano. A diretriz, segundo ele, foi elaborada por professores, equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação e outros órgãos, sendo aprovada e publicada por decreto.
De acordo com o diretor, no 5º ano, a disciplina de Ciências inclui o tema Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), atualmente chamadas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a partir da página 314 da DCM. Ele reconhece, no entanto, que o professor foi “infeliz” ao fazer uma abordagem interdisciplinar entre Ciências e Matemática, utilizando termos inadequados para a faixa etária.
Jonis também relatou que, no período em que o fato ocorreu, a escola estava com déficit de professores em três turmas de 5º ano, situação comunicada à Secretaria Municipal de Educação. Para evitar que os alunos fossem dispensados, professores em hora-atividade, o próprio diretor e o coordenador assumiam as turmas, enquanto a coordenadora — atualmente afastada — ficava sobrecarregada com demandas administrativas e pedagógicas.
“Quem vai responder pela DCM? Quem defenderá qualquer professor da rede municipal que trabalhe o conceito de ISTs? Quem é o verdadeiro culpado dessa situação? Está correta a decisão que tomaram sobre nós?”, questiona o diretor no texto.
Jonis Franklin é graduado em Ciências Biológicas e Pedagogia, mestre e doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, e atua na educação de Alta Floresta há 29 anos.
O jornal Mato Grosso do Norte tentou contato com a secretária de Educação de Alta Floresta, Lucinéia Martins, e com a assessoria de imprensa da Prefeitura, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.