O setor de base florestal em Mato Grosso enfrenta um dos momentos mais delicados das últimas décadas em razão das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, conhecida como “tarifaço”, atingiu diretamente as exportações de madeira, sobretudo das indústrias que produzem pisos e decks de ipê, item de alta demanda no mercado norte-americano e com pouca saída em outros países.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Extremo Norte de Mato Grosso (Simenorte), Dioni Brezovsky Domiciano, o impacto foi imediato. Diversas empresas reduziram turnos, cortaram linhas de produção e já iniciaram processos de demissão.
“Há companhias que trabalhavam há anos exclusivamente nesse nicho e hoje estão à beira do colapso. Isso significa desemprego e um efeito cascata sobre toda a economia regional”, destacou o dirigente.
A dificuldade em redirecionar a produção de ipê para outros mercados intensifica a crise. Com os Estados Unidos absorvendo grande parte da madeira, o setor agora enfrenta estoques encalhados, queda nos preços e perda de competitividade.
“Ficamos praticamente engessados. Não conseguimos repassar o custo das tarifas ao consumidor e a viabilidade do negócio foi comprometida”, afirmou Dioni.
Sindicatos e federações já encaminharam um documento ao Governo Federal pedindo uma posição firme nas negociações internacionais. Apesar do cenário adverso, Dioni acredita que será preciso buscar alternativas para superar o momento.
“Precisamos ser otimistas. O desafio é testar novas espécies e encontrar mercados que possam absorver nossa produção. Mas, neste momento, quem paga a conta somos nós empresários e nossos trabalhadores”, concluiu.