Pesquisar

Alta Floresta recebe mais de R$ 66 milhões em repasses federais, mas enfrenta gargalos em saúde e inclusão

Alta Floresta recebe mais de R$ 66 milhões em repasses federais, mas enfrenta gargalos em saúde e inclusão

Recursos

Alta Floresta recebe mais de R$ 66 milhões em repasses federais, mas enfrenta gargalos em saúde e inclusão

Enquanto previdência e agronegócio movimentam cifras milionárias, município ainda carece de serviços básicos como UPA, SAMU e programas voltados à equidade social

De janeiro a agosto de 2025, o município de Alta Floresta recebeu R$ 66,1 milhões em transferências do governo federal. Apenas em benefícios previdenciários, foram pagos R$ 147,9 milhões a aposentados e pensionistas, valor que supera todos os demais programas sociais somados.

O Bolsa Família segue como principal suporte para famílias em vulnerabilidade: 3,5 mil lares recebem, em média, R$ 667 por mês, sendo que quase 90% deles são chefiados por mulheres. Situação semelhante ocorre no Auxílio Gás: das 757 famílias atendidas, mais de 93% têm mulheres como responsáveis.

Na saúde, os números revelam carências estruturais. O município conta com 18 unidades básicas e seis médicos do programa Mais Médicos, mas não possui UPA, SAMU ou centro odontológico especializado. Em 2024, pouco mais da metade das gestantes conseguiram realizar as seis consultas mínimas de pré-natal recomendadas pelo SUS, e não há registros de atendimentos na área de prevenção ao câncer.

A educação mostra avanços, como o atendimento a mais de 6 mil estudantes pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar e a conquista do selo Ouro do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. No entanto, há pontos de estagnação: Alta Floresta não aderiu ao programa Escola em Tempo Integral, e no ensino superior nenhuma vaga do Sisu em 2024 foi reservada pela Lei de Cotas.

Na economia, o agronegócio continua sendo o motor principal. Dos R$ 267 milhões contratados pelo Plano Safra, R$ 251 milhões foram destinados a grandes produtores. Já a Agricultura Familiar, com mais de 800 famílias cadastradas, recebeu apenas R$ 16 milhões. O município soma quase 14 mil empregos formais, com saldo positivo em 2025, além de 4,9 mil microempreendedores individuais (MEIs) e mais de R$ 11 milhões liberados pelo Pronampe.

O setor cultural também se mantém ativo: os recursos da Lei Paulo Gustavo e da Aldir Blanc ultrapassaram R$ 1 milhão, com mais de 90% já executados. Na habitação, o Minha Casa Minha Vida garantiu 280 moradias desde 2023, em um investimento de R$ 46,5 milhões.

No recorte de gênero, as ausências se destacam. Apesar da maioria feminina entre os beneficiários das políticas sociais, o município não conta com Casa da Mulher Brasileira nem com Centros de Referência.

O retrato apresentado é de uma cidade que movimenta cifras altas e cresce em dinamismo econômico, mas ainda enfrenta gargalos em áreas essenciais como saúde, inclusão social e educação. O desafio central continua sendo transformar recursos e potencial em políticas públicas mais inclusivas, capazes de reduzir desigualdades e garantir serviços de qualidade no coração da Amazônia mato-grossense.

Fonte: Jornal Mato Grosso do Norte

Receba as notícias do Nativa News no seu WhatsApp.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Imprimir

Comentários