Mais de R$ 3 milhões em produtos da agricultura familiar foram comercializados pela Rota Local desde a sua fundação, em janeiro de 2020. A iniciativa do Instituto Centro de Vida (ICV) tem o objetivo de apoiar a logística e a comercialização de frutas, verduras, laticínios e legumes produzidos por pequenos agricultores e agricultoras da região norte de Mato Grosso.
A Rota Local funciona como uma “ponte” entre os pequenos agricultores e os grandes mercados da região. Semanalmente, os profissionais envolvidos levantam a oferta e a demanda de produtos, intermedeiam as vendas e prestam auxílio na busca, armazenamento e transporte dos alimentos.
Atualmente, os produtos são retirados em propriedades nas cidades de Alta Floresta, Carlinda, Paranaíta, Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes e comercializados em mercados de Alta Floresta. Por mês, é movimentada uma média de R$ 132 mil, recurso que fica inteiramente com os agricultores e com as associações e cooperativas da agricultura familiar da região.
Para o coordenador do programa de Negócios Sociais do ICV, Eduardo Darvin, o sucesso da Rota evidencia que muitas pessoas trabalhadoras do campo conseguem produzir em larga escala, mas encontram dificuldades para fazer com que os seus produtos cheguem até o mercado.
“Existe um mercado consumidor ávido por adquirir produtos que sejam da região. A Rota Local atingir esses R$ 3 milhões é a prova de que esse arranjo funciona, de que esse arranjo é necessário e de que ele precisa ganhar escala e atingir outras regiões da Amazônia. A gente sabe que a atuação da Rota é algo que complementa, que supre essa lacuna de produtos que não seriam comercializados”, disse.
O analista socioambiental do ICV Odair Fagundes, no mesmo sentido, destacou que a Rota gera desenvolvimento com base no fortalecimento da economia local. Isso porque os agricultores e agricultoras têm a possibilidade de viver, comprar seus insumos e vender seus produtos em seu território.
“É diferente de quando os mercados compram seus produtos de um fornecedor na região Sul ou Sudeste do país. Disponibilizamos mais diversidade de produtos locais para o consumidor, mesmo que ainda não seja fácil de identificar nas gôndolas, é um ponto importante que planejamos construir em soluções futuras”.
Rotina
Os principais produtos comercializados pela Rota são frutas, legumes e verduras como a banana, o abacaxi, a melancia, a couve, a alface, a rúcula, o tomate e o cheiro verde. A lista é grande.
Conforme destacou o técnico socioambiental do ICV Ricardo Corrêa, parte desses produtos também é destinado para o mercado institucional por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“A segunda-feira é o dia exclusivo para logística do PNAE. A Rota vai até o município de Paranaíta buscar os alimentos que serão distribuídos nas escolas municipais, estaduais e federais”, explicou.
Terça, quinta e sexta-feira também são os dias de buscar os produtos nas propriedades. Ricardo e o motorista Gunther Kistmacher são os responsáveis pela coleta e distribuição das mercadorias.
“Já a quinta-feira é o dia da emissão de notas fiscais e envio das notas para os mercados que fazem o pagamento direto para o produtor. Os que não efetuam o pagamento direto eu também sou o responsável por fazer esses recebimentos e repasses. Esses dados são inseridos nas planilhas da Rota para gente ter esse acompanhamento”.
Números
Em 2020, foram comercializados R$ 278,4 mil em produtos. Em 2021, outros R$ 414,9 mil foram movimentados. Já em 2023, foram R$ 984,2 mil de vendas, o que representa um aumento de 137% em relação ao ano anterior. Apesar de o ano ainda não ter acabado, em 2023 a Rota comercializou aproximadamente R$ 1,3 milhões.
“Esse volume financeiro vai majoritariamente para o bolso dos agricultores. Eles posteriormente repassam uma pequena porcentagem para as suas organizações. Atualmente, a Rota Local tenta implementar a sustentabilidade financeira por meio da doação voluntária de 2,5% do volume financeiro transacionado de cada agricultor ou organização, um percentual simbólico referente ao real custo das operações”, finalizou Odair.
A Rota nasceu por meio de uma iniciativa do projeto Redes Socioprodutivas, executado pelo ICV, que na época tinha financiamento do Fundo Amazônia/BNDES. Hoje, tem apoio financeiro da Fundação Walmart.